Início » Blog » MPCE confirma que área desmatada na Floresta do Aeroporto, em Fortaleza, era de Mata Atlântica
Fortaleza

MPCE confirma que área desmatada na Floresta do Aeroporto, em Fortaleza, era de Mata Atlântica

mpce-confirma-que-area-desmatada-na-floresta-do-aeroporto,-em-fortaleza,-era-de-mata-atlantica
MPCE confirma que área desmatada na Floresta do Aeroporto, em Fortaleza, era de Mata Atlântica

A análise do Ministério Público do Ceará (MPCE) confirmou que a área de vegetação desmatada na chamada Floresta do Aeroporto, em Fortaleza, era uma área de proteção de Mata Atlântica em estágio médio a avançado de regeneração. Com isso, o MP recomendou manter a suspensão das licenças que autorizaram o desmatamento.

A conclusão veio a partir de atuação do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (Gaema) e da 134ª Promotoria de Justiça de Fortaleza. O relatório foi elaborado após vistorias realizadas no local por membros e servidores do MP cearense. O documento também orienta que seja suspensa qualquer autorização já concedida para novos desmatamentos na área.

Segundo o Núcleo de Apoio Técnico (Natec) do MPCE, responsável pelo documento, na área em questão havia flora típica de Mata Atlântica, como as espécies conhecidas popularmente como pata-de-vaca, embaúba, ipê, pau-ferro, timbaúva ou tamboril, catolé ou coco-babão, cauaçu, inharê e pau-marfim.

>>>Clique aqui para seguir o canal do GCMAIS no WhatsApp<<<

Para identificar o estágio de regeneração da área, o Natec avaliou a estrutura da flora por observações in loco das áreas de vegetação remanescentes e análise de imagens históricas de satélite do local desmatado em períodos anteriores à supressão. Consta no relatório que “a copa das árvores formava uma cobertura arbórea variando de aberta a fechada, sem grandes aberturas, em que nos trechos de cobertura densa havia redução da penetração de luz solar, consequentemente criando-se um microclima próprio, com maior umidade e temperatura mais amena em relação ao exterior. Insere-se que o dossel predominantemente fechado é típico de florestas maduras ou em estágios de médio a mais avançados de sucessão ecológica, como em trechos preservados da Mata Atlântica”.

Por fim, o Natec identificou em campo um curso de água no perímetro da área suprimida, o que é considerado um agravante nos casos de desmatamento de vegetação em estágio médio de regeneração – quando esta exercer a função de proteção de mananciais.

>>>Acompanhe o GCMAIS no YouTube<<<

O promotor de Justiça Fábio Ottoni, coordenador do Gaema, detalha o que diz a Lei da Mata Atlântica (Lei n° 11.428) nesses casos. “De acordo com a lei, nos artigos 30 e 31, para vegetações em estágio intermediário de regeneração, é necessário preservar até 30% da área desmatada. Já para estágio avançado, a lei determina a preservação de até 50% da área desmatada”, afirma.

A recomendação foi encaminhada para a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace). O MP do Ceará comunica que continuará apurando o caso para adotar outras providências cabíveis tanto na esfera cível quanto na criminal.

Licença suspensa

A licença da empresa Aerotrópolis Empreendimentos S.A. foi suspensa no último mês, em 26 de setembro, após análise da Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema) e da Semace, após o desmatamento da área de vegetação de 32 hectares.

>>Siga o GCMAIS no Google Notícias<<<

Em nota, a Sema e a Semace informam que a licença e a autorização da empresa foram suspensas diante de irregularidades encontradas – intervenção em APP, supressão além dos limites da licença e manejo inadequado da fauna. As inconformidades, segundo os órgãos, foram comprovadas após vistoria realizada pelos fiscais. A legislação ambiental prevê a aplicação de multa nesses casos.

A Aerotrópolis contesta a decisão e afirma que o projeto foi iniciado com base em autorizações legais, incluindo a Licença de Instalação nº 62/2023, concedida pela própria Semace. Em nota oficial, a empresa argumenta que apenas 3% da área do empreendimento foi isolada preventivamente para análises técnicas solicitadas pela autarquia ambiental, e reforça que não houve, até o momento, aplicação de multa por parte do poder público, justamente pela ausência de parecer conclusivo.

Leia também | MPF investiga desmatamento em área perto do Aeroporto de Fortaleza; empresa, Fraport e Semace se defendem

Fonte: gcmais.com.br