No início da manhã de segunda-feira, 8 de agosto de 2005, o Brasil acordava estarrecido: o cofre do Banco Central de Fortaleza havia sido esvaziado por criminosos, que levaram R$ 165 milhões de reais durante o fim de semana, num dos crimes mais audaciosos do mundo. Agora, mesmo 20 anos depois do assalto ao Banco Central, o caso ainda provoca a curiosidade das pessoas. Foram anos de muita investigação que ocasionaram uma sequência de prisões e julgamentos que marcaram a história policial do país.
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Como foi o assalto
O plano começou a ser executado ainda em maio de 2005, quando uma quadrilha altamente organizada alugou uma casa na Rua 25 de Março, no centro de Fortaleza, próxima ao prédio do Banco Central. Para não levantar suspeitas, os criminosos montaram uma empresa de fachada de grama sintética, e foi ali que, por três meses, trabalharam dia e noite para escavar um túnel de cerca de 78 metros, reforçado com vigas de madeira, iluminação e até ar-condicionado. A galeria subterrânea passava sob uma das avenidas mais movimentadas da cidade e chegava a quatro metros de profundidade, desembocando diretamente sob a caixa-forte do banco.
Na madrugada dos dias 5 para 6 de agosto, enquanto a agência estava fechada, os criminosos acessaram o cofre silenciosamente, sem disparar alarmes, sem violência física e sem serem registrados por câmeras. Mais de 3,5 toneladas em cédulas de R$50 foram levadas, totalizando R$165 milhões — na época o maior assalto da história do Brasil, e um dos maiores do mundo. Só na manhã da segunda-feira, dia 8, o crime foi descoberto pelos funcionários, que encontraram os cofres vazios e a entrada do túnel oculta sob o piso de concreto maciço.
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Investigações e caçada aos assaltantes
A Polícia Federal (PF) deu início a uma gigantesca investigação, com uso de tecnologia, inteligência e centenas de agentes pelo Brasil. Foram monitoramentos, escutas telefônicas e operações em quase todos os estados do país, culminando na identificação de mais de 100 envolvidos direta ou indiretamente. A quadrilha era formada por engenheiros, donos de empresas, “laranjas”, ex-funcionários bancários e bandidos com experiência em furtos de grande porte. Um dos mentores era Antônio Jussivan Alves dos Santos, o “Alemão”, atualmente cumprindo pena em presídio federal após múltiplas tentativas de fuga e resgate.
O engenheiro Marcos Rogério Machado de Morais, o “Cabeção”, responsável por projetar o túnel, ficou foragido mais de 12 anos e foi capturado apenas em 2023, evidenciando a complexidade e o alcance da rede criminosa. Ao todo, a Justiça Federal no Ceará (JFCE) denunciou 119 réus — alguns condenados a até 170 anos de prisão, outros absolvidos ou com redução de penas em instâncias superiores. O caso gerou pelo menos 28 processos judiciais e mobilizou o Judiciário durante anos.
O dinheiro recuperado e o pós-crime
Apesar do furto milionário, parte do dinheiro foi recuperada em operações de busca e apreensão, arresto e leilão de bens. Até hoje, estima-se que menos de R$60 milhões tenham sido resgatados, entre valores em espécie e vendas de ilícitos. O restante permanece desaparecido ou foi disfarçado em lavagens de capitais, sustentando lendas de fortunas enterradas ou investidas, mas jamais localizadas.
O assalto ao Banco Central de Fortaleza revolucionou a segurança bancária brasileira e ficou marcado pela ousadia, engenharia perfeita e ramificações criminais que se prolongaram por décadas. Mesmo com a maioria dos envolvidos julgados e presos, o caso fascina e intriga até hoje, consolidando-se como um dos episódios mais emblemáticos da crônica policial do país.
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Produções sobre o assalto ao Banco Central de Fortaleza
O assalto inspirou diversas produções, tanto no campo documental quanto no cinematográfico, explorando os detalhes de um do crime. O destaque mais recente é a série documental da Netflix intitulada “3 Tonelada$: Assalto ao Banco Central” (2022). Dividida em três episódios, a produção se debruça sobre cada etapa do crime, mesclando depoimentos inéditos de policiais e criminosos, imagens de arquivo e reconstituições de momentos-chave. A série vai além do roubo em si e investiga as consequências, incluindo sequestros, assassinatos e a longa caçada policial que se estendeu por anos após o crime.
Além das séries documentais, o assalto também foi retratado em formato ficcional no cinema brasileiro. O longa “Assalto ao Banco Central” (2011), dirigido por Marcos Paulo, constrói um thriller de ação baseado livremente nos fatos e personagens reais envolvidos com o crime. Com elenco formado por nomes como Milhem Cortaz, Eriberto Leão e Hermila Guedes, o filme enfatiza tanto a engenhosidade do plano quanto a complexa rede criminal que executou o roubo. A produção foi lançada nos cinemas do país, atingiu mais de um milhão e meio de espectadores, e contou ainda com trilha sonora própria, evidenciando o alcance cultural do caso.
Há ainda registros de produções jornalísticas e mini documentários produzidos por universidades e veículos de comunicação locais, que reconstituem a cobertura da imprensa durante os dias de investigação intensa. Esses trabalhos lançam luz sobre bastidores do caso sob o ponto de vista dos jornalistas e agentes públicos envolvidos, contribuindo para a memória coletiva sobre o episódio e enriquecendo o olhar crítico sobre a cobertura e a investigação do caso.
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Fonte: gcmais.com.br