A quadra chuvosa de 2025 chegou ao fim no Ceará com a reserva hídrica total do estado acumulando 10,15 bilhões de metros cúbicos, o equivalente a 54,89% da capacidade total dos 157 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). O dado foi divulgado nesta quinta-feira (5), pelo Portal Hidrológico do Ceará.
>>>Clique aqui para seguir o canal do GCMAIS no WhatsApp<<<
Atualmente, 26 açudes estão sangrando e outros 36 têm mais de 90% da capacidade máxima. Apesar disso, o balanço final reflete uma realidade de contrastes: 30 reservatórios ainda operam com menos de 30% do volume, e oito deles estão em situação crítica — sendo dois praticamente secos, Jatobá (1%) e Madeiro (0,87%), e outros seis com volume morto (abaixo de 5%).
A distribuição desigual das chuvas é um dos principais fatores. Embora o acumulado de 517,8 mm entre fevereiro e maio tenha ficado dentro da média histórica, 60% do território cearense teve precipitações abaixo da média. Os municípios de Milhã e Pereiro, onde estão localizados os açudes mais críticos, registraram apenas 507,7 mm e 438 mm, respectivamente.
Situação crítica no interior
O secretário dos Recursos Hídricos, Fernando Santana, destacou que o aporte de 2025 foi inferior ao do ano passado, o que compromete o abastecimento em regiões vulneráveis. Ele citou cidades como Milhã, Ipaumirim, Baixio e Umari como exemplos de localidades que já enfrentam escassez hídrica.
“Temos obras em andamento que vão ampliar a segurança hídrica, como o Cinturão das Águas, o Malha D’água, o Ramal do Salgado e a duplicação do Eixão das Águas”, disse Santana. As intervenções buscam integrar sistemas e redistribuir água de grandes reservatórios como o Castanhão.
Em Milhã, o açude Jatobá, com capacidade de 590 mil m³, sangrou pela última vez em junho de 2023. Desde novembro passado, o município vive um racionamento severo, com abastecimento intermitente em apenas três a quatro dias por semana. A situação se agravou pela paralisação da adutora Patu, que costumava complementar o fornecimento da cidade.
Já no Vale do Jaguaribe, o açude Madeiro segue em declínio. Com capacidade de 2,81 milhões de m³, o reservatório não sangra desde 2004. Seu melhor nível recente foi em 2009 (64,7%). Desde 2014, oscila entre volumes abaixo de 5%, chegando a menos de 1% neste ano.
>>>Siga o GCMAIS no Google Notícias<<<
Orós sangra após 14 anos
Apesar dos números abaixo do esperado, a quadra chuvosa fez com que o açude Orós, segundo maior do Ceará, sangrasse em 26 de abril após 14 anos. O fenômeno foi impulsionado pelas chuvas intensas na bacia do Alto Jaguaribe, que está com mais de 90% da capacidade preenchida.
O reservatório tem capacidade para armazenar 1,9 bilhão de m³ e desempenha papel estratégico para a perenização do rio Jaguaribe, irrigação e piscicultura. A população da cidade de Orós celebrou a subida histórica do nível da água, que coincidiu quase exatamente com a última sangria, registrada em 27 de abril de 2011.
Previsões confirmadas
A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) já previa esse cenário. O prognóstico divulgado em janeiro indicava 45% de chance de chuvas dentro da média entre fevereiro e abril. A segunda projeção, de fevereiro, apontava 45% de probabilidade de chuvas na média para o trimestre seguinte.
Apesar da média estadual ter se confirmado, a desigualdade geográfica dos volumes precipitados comprometeu o abastecimento em áreas mais vulneráveis, exigindo reforço nas ações emergenciais e estruturantes do governo estadual.
Leia também | Lula recebe da OMSA certificado de Brasil livre de febre aftosa sem vacinação
>>>Acompanhe o GCMAIS no YouTube<<<
Fonte: gcmais.com.br