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Adultização infantil: especialistas alertam para os riscos da exposição precoce

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Adultização infantil: especialistas alertam para os riscos da exposição precoce

A infância, marcada pelo brincar e pela inocência, vem sendo invadida por uma lógica perigosa: a adultização de crianças nas redes sociais. A prática, cada vez mais comum, envolve a exposição de menores a comportamentos, linguagens e aparências adultas em troca de curtidas, engajamento e lucro.

A recente denúncia do youtuber Felca, que repercutiu com mais de 20 milhões de visualizações, acendeu um alerta sobre os perigos dessa realidade digital. “O vídeo de hoje é uma denúncia. O que vocês estão prestes a ver é um assunto extremamente sério e eu me comprometo com qualquer consequência que possa vir de mexer nesse vespeiro”, disse Felca. “Isso é algo que pouca gente tem falado na internet, mas está acontecendo até hoje, bem debaixo do nosso nariz.”

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No vídeo, Felca cita o caso da influenciadora mirim Caroline Dreher, que começou postando vídeos inocentes de dança aos 11 anos. A exposição, no entanto, foi escalando até se tornar uma vitrine para abusadores. “Conforme Caroline foi crescendo, ela foi produzindo conteúdos cada vez mais sugestivos. E quanto mais vulgar, mais a comunidade de pedófilos crescia. Mais números vinham, mais dinheiro ela ganhava”, denuncia o youtuber. Segundo ele, a mãe da menina, ao invés de protegê-la, passou a atender aos pedidos de seguidores por conteúdos mais explícitos.

Para Ingrid Leite, assistente social do Cedeca/CE, o cenário exige atenção e regulação urgente. “Infelizmente, com a falta de uma regulação, inclusive de responsabilização de pessoas que vinculam imagens de crianças nas redes sociais, ela tem se tornado um grande problema porque tem exposto cada vez mais o corpo de crianças e isso tem tido um forte efeito inclusive na ampliação de exploração e abuso sexual de corpos de crianças”, afirmou.

A psicóloga Bárbara Porro explica que a exposição precoce a conteúdos e comportamentos adultos pode afetar diretamente o desenvolvimento das crianças. “Aquela criança que está nessa adultização precoce, está sendo exposta a essas redes sociais, que não é um estímulo direcionado para a idade dela, ela vai ter prejuízos na questão da concentração, da memorização, até mesmo às vezes em atividades como quebra-cabeça, como brincar, que é para a idade dela.”

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A pedagoga Mariana Barros também destaca os efeitos emocionais da exposição: “A partir do momento que uma criança posta algo… ela vai ver quantos likes tem ali, quantos compartilhamentos, o que respondem. E nessa idade, as crianças não têm esse critério de julgamento tão grande. A criança ainda não tem a maturidade pra lidar com isso”, disse. Ela reforça que é papel dos pais e responsáveis mediar esse processo: “Os pais têm que estar muito presentes nessa etapa para não antecipar algo que a gente está vendo que está sendo prejudicial.”

O caso expõe a urgência de políticas públicas e de legislação mais rigorosa para proteger a infância no ambiente digital. Como defende Ingrid Leite, “esse debate vindo à tona mostra inclusive a urgência de ter leis específicas de controle de uso de imagens de crianças e inclusive de responsabilização dessas pessoas que têm utilizado essas imagens para gerar algum tipo de lucro.”

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Fonte: gcmais.com.br