Quando os ventos sopram forte, a Ilha do Guajiru, em Itarema, a cerca de 220 km de Fortaleza, se transforma em um verdadeiro paraíso para kitesurfistas de todo o mundo. Entre junho e janeiro, turistas internacionais desembarcam na região em busca das condições ideais para a prática do esporte. Os ventos alísios que sopram ao longo do litoral cearense transformam o kitesurf em um importante vetor de desenvolvimento econômico e social para diversos vilarejos, atraindo atletas de várias nacionalidades.
O argentino Gonzalo Aldazabal é um exemplo de como a paixão pelo esporte se converte em oportunidades. “Cheguei aqui porque é o melhor lugar do mundo para fazer kite. São seis meses de vento, venta todo dia, tem água quente, sol… tudo o que você precisa”, afirma. Ele não apenas se estabeleceu na região, mas também investiu, montando uma pousada, uma escola de kite e um restaurante. “Fiquei porque queria trabalhar com um esporte que amo – e aqui tem tudo o que precisamos”, completa.
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Experiência internacional e turismo em alta
A temporada dos ventos atrai turistas de todos os continentes, incluindo europeus, sul-americanos e canadenses. A suíça Chiara Fässler, por exemplo, comenta que escolheu o Ceará pelos ventos constantes e pela diversidade de condições de velejo. “Aqui é um dos melhores lugares do mundo em que já estive. O pôr do sol e a água azul são incríveis. A temperatura é sempre agradável”, afirma, destacando a experiência única proporcionada pela Ilha do Guajiru.
Marion Bohnel, mexicana com 11 anos de experiência no esporte, reforça o protagonismo do Ceará no cenário internacional. “Precisava vir ao estado para conhecer as pessoas, os ventos e os lugares. E realmente é tudo isso [de bom que falam]”, afirma. Para ela, o estado se destaca não apenas pelas condições naturais, mas também pela localização estratégica que facilita o acesso de turistas de diferentes partes do mundo.
O crescimento do turismo de kitesurf é visível nos números. De acordo com a Secretaria do Turismo do Ceará (Setur), o número de turistas estrangeiros saltou de 297.515 em 2024 para 350 mil em 2025, um aumento de 17,6%. Empreendedores locais, como Tomaz André, dono da escolinha Soulkite, confirmam o impacto positivo: “Durante a temporada, a chegada de turistas internacionais aumenta cerca de 95% na região, impulsionando o faturamento do meu negócio, que hoje é a principal fonte de renda da minha família”.
Kitesurf como motor econômico e cultural
Outro ponto de destaque no litoral cearense é o Cauípe, que se tornou referência mundial na prática do kitesurf desde os anos 2000. Raimundo Ferreira, conhecido como Bê do Kite, afirma que a lagoa atrai majoritariamente europeus, além de turistas dos Estados Unidos e da Ásia. “Aqui é um lugar especial. O Cauípe é palco de campeonatos mundiais e recebe gente do mundo todo. É maravilhoso”, diz, destacando que 80% do faturamento da sua barraca é impulsionado pelos kitesurfistas.
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O setor gastronômico também se beneficia do turismo esportivo. Pratos típicos como peixe fresco, baião de dois e macaxeira, além da água de coco, complementam a experiência dos visitantes. Gonzalo Aldazabal resume: “No melhor lugar do mundo para fazer kite, tudo está alinhado: esportes, cultura, natureza e gastronomia”.
O turismo de kitesurf no Ceará mostra como o esporte vai além da diversão, movimentando a economia local, gerando empregos e promovendo intercâmbio cultural. Atletas e empreendedores destacam a hospitalidade, a infraestrutura e as belezas naturais como diferenciais que consolidam o estado como um dos principais destinos globais da modalidade.
A experiência, para muitos, transcende o esporte. “Você esquece tudo, todos os seus problemas desaparecem quando está na prancha”, relata Chiara Fässler, resumindo a sensação que atrai cada vez mais visitantes internacionais para o Ceará, consolidando o estado como destino obrigatório para os amantes do kitesurf.
O crescimento do turismo esportivo também impulsiona pequenos vilarejos, que veem na temporada de ventos uma oportunidade de desenvolvimento sustentável. Gonzalo Aldazabal e outros empreendedores locais transformam paixão em negócio, mostrando que o kitesurf é uma atividade capaz de gerar impacto econômico e social significativo para a região.
Ao longo de mais de 500 km de litoral cearense, a prática do kitesurf reforça a imagem do estado no cenário internacional. Com ventos constantes, águas quentes, infraestrutura adequada e acolhimento dos moradores, o Ceará se consolida como um destino global, oferecendo experiências únicas a turistas e atletas de todas as partes do mundo.
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Fonte: gcmais.com.br












