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Data center do TikTok em Caucaia, no Ceará, será abastecido por energia 100% renovável, diz empresa

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Data center do TikTok em Caucaia, no Ceará, será abastecido por energia 100% renovável, diz empresa

O maior data center do Brasil, que será instalado no município de Caucaia, no Ceará, deverá atuar com energia 100% renovável, conforme a empresa cearense Casa dos Ventos, responsável pela execução das atividades. O data center é uma parceria entre a companhia e a ByteDance, que é a empresa controladora do TikTok.

Com investimento estimado em R$ 50 bilhões, o empreendimento será o primeiro do tipo no Nordeste e promete movimentar a economia regional, gerar milhares de empregos e consolidar o estado como um polo tecnológico. A empresa afirma que o projeto será abastecido por energia totalmente renovável, proveniente de novos parques eólicos que estão sendo construídos exclusivamente para o funcionamento da estrutura.

Segundo a Casa dos Ventos, serão aplicados R$ 3,5 bilhões na construção de novos parques eólicos voltados ao data center, além da aquisição de um projeto de 350 megawatts na Serra da Ibiapaba, destinado a suprir o consumo energético da unidade instalada no Complexo do Pecém, em Caucaia. Em operação plena, o data center deve consumir cerca de 210 megawatts por dia, o equivalente ao consumo de 2,2 milhões de pessoas, quase toda a população de Fortaleza.

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O governo estadual e o Complexo do Pecém destacam que o projeto deve gerar 15 mil empregos diretos e indiretos durante a fase de obras, além de 500 vagas permanentes altamente especializadas. A expectativa é de que os novos postos de trabalho impulsionem a formação técnica e universitária no Ceará e atraiam novas empresas de tecnologia e inovação digital.

Data center

Um data center é o espaço físico onde são armazenados e processados os dados de aplicativos, redes sociais e serviços digitais. Em outras palavras, é o “cérebro digital” que sustenta a internet e o funcionamento de plataformas como o TikTok, WhatsApp e serviços de banco digital. Sem estruturas desse tipo, praticamente toda a vida online moderna seria inviável.

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Licenciamento ambiental

Atendendo a pedidos de associações e povos originários da região, o Ministério Público Federal (MPF) determinou uma perícia no licenciamento prévio concedido pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) para a construção do empreendimento. O órgão quer esclarecer se houve falhas no processo e se o uso de um relatório ambiental simplificado foi adequado.

A área escolhida para o data center está localizada dentro de uma unidade de conservação, classificada como Área de Proteção Ambiental (APA) de uso sustentável e próxima a zonas de preservação permanente. O MPF aponta que a Semace dispensou a consulta pública e o estudo de impacto ambiental completo, optando por um instrumento destinado a obras de baixo impacto.

Segundo o procurador da República Alessander Sales, os impactos ao meio ambiente dizem respeito ao grande uso da água, demanda por energia, possibilidades de desmatamento em grande área inclusive de vias de acesso e impacto nas comunidades tradicionais locais, além da fauna e da flora. Ele afirma que o Ministério Público aguarda o resultado da perícia e que, se for comprovada a necessidade de um licenciamento completo, “o Ministério Público irá buscar esse licenciamento, a anulação do simplificado, nem que seja preciso ir ao Judiciário para isso”.

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Entre os grupos mais afetados estão as comunidades indígenas Anacé, que vivem em uma área reconhecida como terra indígena e temem os impactos da construção sobre o território tradicional e os recursos naturais. O líder Paulo Anacé, presidente da Associação Indígena do Povo Anacé do Cauípe, afirma que a principal preocupação é a escassez de água. “A gente quer entender se realmente isso não vai impactar na nossa água, que nós já não temos, que a gente não tem água nas nossas aldeias. A gente luta desde o começo de 2000, a gente luta pela água”, disse ele à equipe de reportagem da TV Cidade Fortaleza.

O líder indígena reforça que não é contrário ao desenvolvimento, mas defende que ele ocorra com respeito às comunidades e ao meio ambiente. “A gente não é contra o progresso. A gente é contra um progresso que ele destrói aquilo que veio antes dele. Porque o progresso pode ser sustentável, desde que ele haja dentro da lei, que ele haja com respeito principalmente àqueles que vieram antes dele.”

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A Casa dos Ventos e a ByteDance garantem que o empreendimento trará ganhos de eficiência hídrica e energética, sem competir com o abastecimento da população local. Mesmo assim, pesquisadores alertam para a necessidade de equilíbrio entre os avanços econômicos e a preservação ambiental.

Para a pesquisadora Juliana Azevedo, do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da UFC, o equilíbrio entre o meio ambiente e a economia digital “talvez seja o verdadeiro dado a ser processado neste território”. Ela lembra que o Complexo do Pecém é cercado por comunidades tradicionais e indígenas, o que exige atenção especial aos impactos ambientais e sociais.

Fonte: gcmais.com.br