O Maciço de Baturité, na região serrana do Ceará, volta a ser o centro das atenções arqueológicas do país com o início de uma nova campanha de escavações no Sítio Serra do Evaristo, um dos mais importantes do estado. Coordenada pelos arqueólogos Dra. Andrea Lessa e MSc. Vinicius Franco, do Museu Nacional, a pesquisa tem como objetivo aprofundar as descobertas feitas em 2012, quando o local revelou o esqueleto mais bem preservado já encontrado no Ceará, com datação estimada em 550 anos antes do presente (BP), além de um vasto acervo com mais de 5 mil fragmentos cerâmicos e cerca de cem lâminas de machado polidas.
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Diferente da escavação anterior, focada no resgate emergencial de urnas funerárias, a nova campanha — que conta com apoio financeiro da CAPES, National Geographic, Museu Nacional, e suporte logístico do Instituto Tembetá e Museu do Evaristo — adota uma metodologia mais ampla e aprofundada. Serão aplicadas técnicas de “superfícies amplas” em dez pontos arqueológicos para mapear com mais precisão as estruturas do antigo cemitério indígena da Serra do Evaristo, possibilitando compreender as formas de sepultamento, idade, sexo e condição dos indivíduos ali enterrados. A pesquisa também pretende delimitar a área total do sítio e comparar seus vestígios com outros achados arqueológicos da região, contribuindo para um panorama mais abrangente do passado indígena cearense.
“Depois de duas semanas intensas de trabalho resgatamos seis urnas funerárias, uma delas já com remanescentes humanos preservados, onde foram recuperados, até o momento, alguns dentes e ossos”, revelou o arqueólogo Vinícius Franco.
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Além da relevância científica, o projeto tem forte caráter comunitário. A comunidade quilombola da Serra do Evaristo participa ativamente dos trabalhos, com seis jovens selecionados para integrar a equipe de escavação. Os participantes recebem capacitação técnica, bolsas de estudo, uniformes e equipamentos de proteção, além de contribuir com o conhecimento local sobre o território. Atividades educativas e ações de divulgação também estão previstas, em resposta a solicitações da própria associação de moradores, que busca o reconhecimento e a preservação do patrimônio cultural da região.
As escavações, iniciadas em abril, seguem até julho deste ano e prometem não apenas ampliar o conhecimento sobre o passado arqueológico do Ceará, mas também fortalecer o vínculo entre ciência, memória e identidade local. Os resultados preliminares da pesquisa serão usados para elaborar materiais educativos e atividades de extensão voltadas para a população do entorno, reafirmando a importância da ciência feita com e para a comunidade.
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Fonte: gcmais.com.br