O policial penal Rocky Marciano Lopes Nogueira, acusado de desviar 301 armas de fogo da Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização do Ceará (SAP), teria vendido o arsenal a uma facção criminosa que atua na região da Grande Messejana, em Fortaleza. A informação consta em parecer do Ministério Público do Ceará (MPCE), divulgado na última sexta-feira (23), e enviado ao Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) como resposta a um pedido de liberdade feito pela defesa do servidor, que está preso desde 27 de março.
Segundo o MPCE, Rocky se aproveitou do cargo de supervisor do Núcleo de Armamento da SAP (NUARMS) para subtrair 222 pistolas e 79 armas longas, que teriam sido negociadas com traficantes, principalmente no bairro Paupina, em troca de dinheiro e drogas. “A manutenção da prisão funda-se na garantia da ordem pública, em virtude da gravidade concreta do crime em apuração”, afirmou o Ministério Público no parecer.
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Mesmo após ter sido afastado da função em 2023, Rocky continuou a agir de má-fé, segundo o MPCE. Designado para o Grupo de Apoio Penitenciário, ele recebeu uma pistola Glock em dezembro daquele ano e desapareceu em seguida. Dias depois, registrou um boletim de ocorrência alegando o roubo da arma. Em seguida, foi denunciado por ameaça à namorada e, conforme a promotoria, chegou a planejar fuga do país para evitar responder pelos crimes.
Paralelamente à investigação criminal, o policial penal também responde a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) na Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Ceará (CGD). A SAP afirma que foi o próprio corpo gestor da secretaria quem percebeu o desaparecimento das armas e iniciou as investigações, afastando o servidor da função e oficializando sua condição de “abandono de cargo público”.
Apesar disso, Rocky Marciano continua a receber salário do Estado. Segundo o Portal da Transparência do Governo do Ceará, em abril de 2025 ele recebeu R$ 5.400 líquidos.
Defesa alega inocência e falhas na segurança
A defesa do acusado alega que Rocky é primário, nunca havia sido preso ou processado antes, e nega qualquer envolvimento com facções criminosas. No pedido de liberdade enviado ao TJCE, os advogados afirmam que o crime não foi cometido com violência ou grave ameaça, e que o acusado possui endereço fixo e estava afastado por motivo de saúde.
Os advogados ainda sustentam que a responsabilidade pelo desvio pode ter sido facilitada por falhas no sistema de segurança da SAP. Depoimentos de outros servidores, segundo a defesa, indicam que diversos diretores e funcionários tinham acesso irrestrito ao armamento. Além disso, uma policial penal que trabalhava com Rocky apontou falhas no acautelamento das armas, o que, segundo os defensores, levanta dúvidas sobre a autoria exclusiva do crime.
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O que diz a SAP sobre o policial penal acusado de vender armas para facção criminosa em Fortaleza
Em nota enviada em março, a Secretaria da Administração Penitenciária reforçou que o desvio das armas foi detectado internamente e que todas as medidas cabíveis foram adotadas. A SAP informou que, após o afastamento, Rocky deixou de comparecer ao serviço, abandonando o cargo. A condição foi formalizada à CGD, que conduz o inquérito policial sobre o desaparecimento do armamento.
As investigações continuam, tanto na esfera criminal quanto na administrativa, e a Polícia Civil busca esclarecer o destino das armas desviadas e a possível participação de outras pessoas no esquema.
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Fonte: gcmais.com.br