A Ponte Metálica da Praia de Iracema, popularmente conhecida como Ponte Velha, está no centro de uma polêmica que mobiliza moradores, frequentadores e autoridades de Fortaleza. Interditada há quase dois anos pela Defesa Civil devido ao avançado estado de degradação, a estrutura histórica pode ser demolida – uma possibilidade que vem sendo estudada pela Prefeitura de Fortaleza, gerando protestos da comunidade local.
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Inaugurada em 1906, a Ponte Velha foi o primeiro porto da capital cearense e por muito tempo serviu como ponto de encontro e lazer, especialmente para a comunidade do Poço da Draga, vizinha à estrutura. Hoje, mesmo com pavimento rompido, corrosão nas estruturas metálicas e pilares danificados, a ponte segue sendo frequentada por moradores e turistas — apesar da interdição oficial e dos riscos de desabamento.
A artesã Ivonilde Góes, moradora da região há mais de seis décadas, emociona-se ao falar sobre o futuro incerto da ponte:
“Não deixa a ponte morrer. Não deixa a ponte acabar. A ponte tem um sentimento pro povo do Ceará.”
O sentimento é compartilhado por outros moradores, que defendem a restauração da estrutura como forma de preservar a memória e a identidade do bairro.
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“É um patrimônio histórico da cidade, deveria ter sido preservado, recuperado”, afirma o professor universitário Franklin Araújo.
“Chegou a um ponto que realmente está causando prejuízo à sociedade, por riscos à vida. Porém, como todo patrimônio histórico, realmente deveria ser recuperado, assim como o nosso pavilhão aqui foi recuperado.”
A Prefeitura de Fortaleza confirmou que consultou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Superintendência do Patrimônio da União (SPU) sobre a viabilidade da demolição. Entretanto, segundo nota da administração municipal, nenhuma decisão foi tomada até o momento, e qualquer medida será discutida com a comunidade local.
A autônoma Isabel Alves, que trabalha próximo à orla, diz que a ponte, mesmo em ruínas, continua a atrair visitantes.
“A praia toda linda. Tudo novo, areninha, as barraquinhas tudo padronizadas. A única coisa que está estragando é a ponte, mas por mim não dê muito, tem que restaurar.”
De acordo com a Defesa Civil, em vistoria realizada no dia 8 de maio, foi constatado o risco grave de colapso da estrutura. O órgão recomendou a interdição total com barreiras físicas, sinalização reforçada, vigilância constante e um estudo técnico para decidir se a ponte deve ser demolida ou consolidada como ruína histórica.
Enquanto isso, o pescador José Fabiano, que frequenta a ponte com frequência, teme a perda de um de seus espaços de lazer mais queridos:
“Pra mim que sou pescador, que vivo aqui pescando, poxa, tirando, pra tirar meu lazer… Sou totalmente contra a demolição da ponte.”
A possível retirada da estrutura também foi mal recebida por conselhos de patrimônio e lideranças comunitárias. Para muitos, a ponte representa mais do que aço corroído — é um símbolo de pertencimento, um ponto de encontro de gerações.
A ponte velha, agora interditada e cercada por incertezas, segue resistindo ao tempo. Entre placas de perigo e orações silenciosas dos que ali cresceram, ela permanece de pé — sustentada, talvez, mais pela memória afetiva de um povo do que pelas vigas que ainda a seguram.
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Fonte: gcmais.com.br