O governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), defendeu a revisão do regime de progressão de pena para criminosos mais perigosos que estiverem no sistema penitenciário cearense, principalmente líderes de facções criminosas. Ele ainda defendeu mudanças na lei que trata do crime de lavagem de dinheiro, para fazer avançar o trabalho investigativo da polícia sobre os recursos desses grupos criminosos. As declarações foram dadas na manhã desta quarta-feira (16), em entrevista exclusiva concedida aos jornalistas Miguel Anderson Costa e Katiúzia Rios, durante o programa Balanço Geral Ceará Manhã, da TV Cidade Fortaleza.
Segundo ele, a principal barreira para o enfrentamento do crime no Brasil está na legislação. Segundo ele, uma pessoa que comanda que dirige as organizações criminosas do Brasil não deve ter progressão de regime – “se pega 20 anos, tem que pegar 20 anos de cadeia”. Elmano enfatizou que a impunidade, com presos que são soltos e voltam a praticar crimes, é motivo de grande preocupação para o governo estadual.
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Na visão do governador, é fundamental reformular a lei de lavagem de dinheiro para facilitar o combate ao financiamento do crime organizado. Ele explicou que quando criminosos utilizam empresas para movimentar valores milionários, o Estado não tem acesso efetivo às contas para apurar irregularidades e fechar esses negócios ilícitos. “Temos que ir para cima e fechar a empresa, prender o suposto empresário”, afirmou “Isso me inquieta muito, esse aspecto para mim é estruturante no Brasil. Se não fizermos isso, vamos continuar prendendo [sem adiantar]”, diz ele, ainda.
Elmano de Freitas fez um balanço das ações da segurança pública no Ceará. Destacou que o governo ampliou o número de agentes de inteligência, policiais civis e militares, e implantou uma mudança importante: a Polícia Militar agora também procura criminosos foragidos, tarefa antes exclusiva da Polícia Civil.
O governador ainda ressaltou os esforços para ampliar a cooperação entre as instituições do sistema de justiça, incluindo o Tribunal de Justiça do Ceará e o Ministério Público, com objetivo de impedir a soltura precoce de criminosos perigosos. “Precisamos sensibilizar o magistrado que a pessoa não pode ser solta.”
Ele traçou também um panorama do perfil da criminalidade local, apontando que 90% dos homicídios do Ceará são jovens aliciados por organizações criminosas que disputam territórios. O governador alertou para a forte atuação desses chefões do crime, muitos deles protegidos em outras regiões do país, dificultando o enfrentamento policial. Um exemplo citado foi a presença de criminosos foragidos no Rio de Janeiro, protegidos em favelas onde a polícia local enfrentava restrições severas para entrar.
Tarifas dos EUA
Elmano também se manifestou sobre as tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros, incluindo os cearenses. O governador afirmou que o Ceará aposta no diálogo e na serenidade para negociar, evitando uma “queda de braço” ideológica. Ele lembra que o Ceará, que tem um saldo comercial positivo com os EUA, exporta produtos importantes para o país norte-americano, como aço, pescado, frutas, granito e cera de carnaúba.
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O governador se reuniu com representantes da federação das indústrias e do agronegócio do Ceará e está em contato com o vice-presidente Geraldo Alckmin. Ele enfatizou que, apesar disso, a soberania do país não será negociada, criticando colocações feitas por Trump sobre o processo judicial envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Educação
Na área da educação, Elmano reafirmou o compromisso de universalizar o ensino em tempo integral. Ele destacou que já foram entregues 228 mil tablets para alunos do ensino médio e que a meta é que todos os estudantes da rede pública estadual tenham um tablet com chip de conectividade. O governador celebrou que 85% das crianças cearenses aprendem a ler e escrever no segundo ano do ensino fundamental, ressaltando que o desafio é chegar a 100% até 2030.
A meta, segundo ele, é também transformar todas as escolas em profissionalizantes, após a universalização do tempo integral, com foco em áreas de alta empregabilidade.
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Fonte: gcmais.com.br
