O Dia dos Povos Indígenas é uma data importante que busca reconhecer e celebrar a diversidade cultural, histórica e social dos povos originários de cada país. No Brasil, por exemplo, essa data é comemorada em 19 de abril. É uma oportunidade não apenas para homenagear essas comunidades, mas também para refletir sobre as questões que elas enfrentam, como a preservação de suas terras, línguas, tradições e culturas frente aos desafios da modernidade e da pressão socioeconômica. Além disso, é um momento para reconhecer a importância desses povos na história e na identidade de cada nação, bem como para reafirmar o respeito aos seus direitos humanos e territoriais.
No Ceará, o indígena Robson Rocha, 21 anos, do povo Kanindé, resolveu romper barreiras e realizar o sonho de se tornar médico. Estudante do 5º semestre de Medicina, em Canindé, a 120 quilômetros de Fortaleza, o maior incentivo dele foi a vontade de mudar a vida da família, moradora da Aldeia Gameleira, área rural, distante mais de 15 quilômetros da zona urbana do município. Sem muitas condições financeiras, eles sobrevivem da agricultura em uma terra árida e que, por longos períodos, sofre com a estiagem.
“Desde muito criança eu já sabia que queria ser médico. Embora eu soubesse que era muito importante eu trabalhar na roça para ajudar meus pais e avós, eu não gostava do serviço. Então, eu sempre me dediquei muito aos estudos porque sabia que isso poderia mudar as nossas vidas”, disse Robson.
Apesar do sonho, Robson enfrentou resistência. “Convencer minha mãe a ir pra cidade estudar e se afastar mais dos velhos costumes da aldeia não foi fácil”, pontua. Com o Enem, Robson foi aprovado para o curso de enfermagem. “Mas eu sabia que meu sonho era medicina. Não conseguia tirar da mente, então continuei estudando”.
Já com a chegada da pandemia da Covid-19, Robson precisou trabalhar e conciliar os estudos. Logo depois uma faculdade de Medicina chegou em Canindé. “Logo eu fiquei sabendo das bolsas pelo programa Mais Médicos, eu vi a oportunidade, foquei nos estudos e consegui ser aprovado em 2022. Foi o dia mais feliz da minha vida. Apesar das dificuldades que ainda tenho, conto com o apoio dos meus pais e da minha aldeia”, conta Robson.
O futuro médico pensa em iniciar a carreira em Canindé, especializar-se em cirurgia robótica, porém também gosta da área da saúde da família pois quer colaborar com os atendimentos das pessoas do seu município e da sua comunidade. Robson é o primeiro indígena Kanindé a cursar medicina e também sente que tem a missão de mostrar para o mundo que o seu povo é resistente e merece, além de respeito, reconhecimento.
“Estamos ocupando cada vez mais espaços. Infelizmente muita gente ainda acha que o indígena é para viver na mata, seminu ou nu, tem pele escura e cabelo liso com corte arredondado. Então, eu estar em certos lugares colabora para a mudança de pensamento e erradicação de preconceitos. Meus sangue, costumes e crenças e a minha família não vão ser apagados nunca pelo fato de eu usar calça ou ocupar uma vaga em um curso de medicina, jamais!”
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Povos Indígenas no Ceará
No Estado do Ceará são 14 os povos indígenas, espalhados por 18 municípios, que fortalecem esse legado de resistência. Através deles o que ainda há de mais ancestral em solo cearense mostra-se vivo e pulsando ativamente.
Anacé, Gavião, Jenipapo-Kanindé, Kalabaça, Kanindé, Kariri, Pitaguary, Potiguara, Tapeba, Tabajara,Tapuia-Kariri, Tremembé,Tubiba-Tapuia e Tupinambá. São as comunidades que diariamente, seja ao pé da serra, na Região Metropolitana de Fortaleza, litoral ou sertão, celebram a memória dos seus antepassados, educam suas crianças por meio de escolas indígenas, se organizam enquanto etnias sobreviventes.
Cada povo rememora as características de seus antepassados. Por meio da pesca, caça, artesanato, confecção e utilização dos penachos e cocares, das danças, das crenças, e de tantos outros tesouros guardados pela tradição. E também, incansavelmente, as comunidades se erguem em conjunto na reivindicação pela regularização das demarcações de terra.
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Fonte: gcmais.com.br
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